‘Sou direto e transparente.’
- FONTE: Estadão - Cláudio Marques
- 23 de nov. de 2015
- 4 min de leitura

‘Sou direto e transparente. Isso cria confiança’
Engenheiro mecânico graduado pela Unesp, com MBA pelo Ibmec Rio, Daniel Mirabile , de 40 anos, comanda desde setembro do ano passado a NEC no Brasil. Antes de ocupar o posto atual na operação brasileira da multinacional japonesa de telecomunicações e TI, o executivo já tinha 15 anos de dedicação ao setor de telecomunicação, tendo passado por empresas como Ericsson, New Generation Networks e Nokia (antiga Nokia Siemens Networks – NSN), onde chegou à alta direção e também foi responsável pela área mundial de programas de reestruturação e transformação. Seu movimento ascendente na carreira teve como base, segundo conta, procurando e pegando desafios que eram “o que de pior havia” no seu radar. Por quê? “Você pegar algo que nunca funcionou, ou que funciona mal muitos e muitos anos e transformar isso em algo bom, isso salta aos olhos”, diz. Assim, Conseguindo dar um jeito nessas áreas, “criando uma visibilidade de potencial”. A seguir, trechos da conversa. De olho no pior Uma coisa que ocorreu com frequência em minha carreira foi que a cada dois anos, aproximadamente, eu assumia uma posição diferente. Não necessariamente para cima, não necessariamente em outra empresa. Eu pulava de área em área e sempre pegando o que de pior havia no meu radar. Qual era o objetivo? Primeiro, eu gosto de desafios, gosto de fazer o que chamamos de “impossível”. Eu gosto de desafios, gosto de correr maratona, gosto de situações que expõe aos nossos limites. E o segundo ponto, é que o trabalho aparece mais nessas situações. Você manter algo que já funciona, por melhor que você faça, não chama muito as atenções. Você pegar algo que nunca funcionou, ou que funcionou mal por muitos anos, e transformar isso em algo bom, isso salta aos olhos. Impulso Assumi lugares apesar de algumas vezes não ter conhecimento técnico e experiência na área, mas mergulhava, aprendia e conseguia fazer a área entregar resultados que antes não entregava. Isso foi criando uma visibilidade de potencial. Como? Fazia da forma mais comum e talvez menos cumprida no meio organizacional. Eu normalmente entro num lugar, entendo as estratégias e começo a procurar as pessoas certas para o lugar certo. Monto o melhor time que posso, pessoas que tenham conhecimentos complementares ao meu, de forma a pensar complementar, e começamos o trabalho. Receita Acho que a grande receita seria, primeiro arriscar, acreditar, pensar grande, não ter medo do desconhecido. E, segundo, é ter realmente um time capacitado em volta para que esse trabalho seja bem-sucedido. É um clichê, mas honestamente pouca gente faz. Dicas Uma dica para quem está iniciando a carreira é não ter muito orgulho, não ficar muito apegado a hierarquia, título. Outra coisa é enfiar a mão na massa. Acho que é a melhor forma de aprender. Uma coisa é você saber as coisas genericamente e não no nível de detalhes necessários. Você entender a coisa um pouco mais a fundo faz uma diferença radical. Gestão do time Eu sou bastante direto, bastante transparente, mas eu sempre sou gentil. Posso criticar algo, puxar a orelha, mas faço de forma gentil. Acho que isso é essencial. A transparência gera a relação de confiança, nada vem como inesperado, todo mundo sabe a forma que eu penso. Quando eu acho que está bom, eu falo, quando eu acho que precisa ser melhorado, eu falo, mas sempre de forma gentil. E peço às pessoas que trabalham comigo a mesma coisa, ou seja, nunca me escondam um problema, diga o que acontece, vamos ter essa conversa transparente. Um outro ponto que apoia tudo isso é que eu nunca foco na consequência, eu sempre foco na causa. Nunca foco no ‘ah, está dando prejuízo’, mas sim em quais são as causas disso. Assim, você tende a ser a pessoa que apoia a solução e não a pessoa que critica a solução. Eu acho que essa forma de gestão também me ajudou muito com o passar do tempo. Quando as pessoas sabem que você vai apoiar, elas têm mais confiança de contar o problema. Compensador O momento atual na NEC é extremamente compensador. A NEC no Brasil enfrentava uma situação financeira bastante difícil, vinha de seguidos prejuízos, com uma situação de caixa bastante complexa, sendo deteriorada a cada momento. Era uma filial que preocupava muito a matriz. Estou aqui há um ano e hoje a situação é completamente diferente. Tenho um time aqui comigo e tivemos um trabalho de mudança radical, do qual eu tenho bastante orgulho. Desde fevereiro nós geramos lucro, geramos caixa positivo desde outubro, eu comecei em setembro, e hoje quando eu olho todas as operações da NEC fora do Japão, o Brasil é a filial de maior lucratividade no mundo. Saímos de patinho feio para virar o cisne. Controle Eu foco em controlar sobre o que eu tenho poder de controlar. Macroeconomia, variação cambial eu não controlo – eu vivo com. Temos de focar no que controlamos. Mas até agora, a crise não nos afetou e eu acho que não vai afetar no futuro por dois motivos. O primeiro, nós tínhamos, e ainda temos, uma oportunidade de portfólio, de produtos e soluções que a nossa empresa tem que nós não vendíamos e outras soluções que ainda não vendemos. Então, apesar de o mercado estar caindo, eu tenho hoje possibilidade de entrar em outros setores em que hoje a minha receita é zero. O segundo ponto é que sendo uma empresa de tecnologia, nós temos uma série de soluções que são destinadas à otimização de custos, à fidelização de cliente e à gerar aumento de receita. Atualmente, tudo isso é muito palatável num mercado como o nosso.















































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